Enquanto Associação Passivhaus Portugal chegam até nós pessoas com problemas sérios nas suas habitações. Estão quase sempre dececionadas e desoladas por a sua casa não ser confortável, terem custos energéticos muito elevados e principalmente estarem constantemente em locais com bolores, humidades, maus cheiros e na presença de um ar de má qualidade.
São pessoas que conseguem literalmente visualizar os problemas, mas não conseguem identificar as causas e anseiam por encontrar soluções.
A verdade é que o parque edificado em Portugal é de baixa qualidade e isso reflete-se nos casos que nos chegam.
Os problemas são comuns: condensações, mofos, bolores, humidades, manchas nas paredes e tetos, pequenas escorrências de água e maus cheiros.
As causas resumem-se ao mau projeto e/ou má construção (muitas vezes com a presença de pontes térmicas) que depois leva a baixas temperaturas superficiais, elevada humidade relativa, grandes diferenças de temperatura, correntes de ar, renovação de ar insuficiente e/ou renovação de ar irregular e falível.
Estas situações provocam grande desconforto físico (e não só) nos utilizadores desses espaços que simplesmente não sabem como resolver a situação.
Num caso recente, o José (nome fictício) partilhava a sua angústia dizendo: “… a casa nem é muito antiga, foi construída em 1999, mas é muito fria e o problema é que nem posso ligar mais que dois aquecedores, pois o quadro eléctrico vai abaixo… deve ser a potência instalada que é muito baixa. Por isso não tenho grande alternativa a não ser vestir um Kispo dentro de casa.”
Noutra situação a Ana (nome fictício) também nos dizia que todos os anos limpava e pintava a parede do quarto com tinta “anti-humidade” mas isso a incomodava até porque era o local onde dormia e já tinha desenvolvido algumas alergias respiratórias.
Apesar das consequências sérias destes problemas a solução técnica é bastante simples e assenta nos princípios da física dos edifícios: isolar termicamente, ventilar adequadamente e garantir a estanquidade ao ar da envolvente.
Tecnicamente é fácil, mas do ponto de visto de execução de obra, muitas vezes é difícil corrigir erros iniciais. Por isso, e por falta de conhecimento, estas situações problemáticas são “resolvidas” com uma pintura ou a aplicação de gesso cartonado no sentido de ocultar o problema. De facto o problema deixa de estar visível por uns tempos, mas continua lá e irá agravar-se. Como é óbvio, esta solução de “tapar o sol com a peneira” não resolve o problema e nem se baseia nos princípios da física dos edifícios…talvez se baseie em alguma ciência oculta.
Recentemente o governo português lançou o “Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis” no âmbito um conjunto de medidas para amortecer o impacte económico devido à Pandemia COVID-19. Mas… não seria mais pertinente, numa altura em que as doenças respiratórias estão ainda mais em cima da mesa, promover o “Programa de Apoio a Edifícios mais Saudáveis”?