A medicina tem evoluído de forma espantosa e hoje podemos claramente medir milhares de parâmetros que nos indicam o nosso nível de saúde. Análises ao sangue e à urina, raio-x, ressonâncias magnéticas…enfim um sem fim de exames que nos permitem saber se estamos mais ou menos saudáveis. Também é de senso comum algumas regras fundamentais (ou fundamentos) para nos mantermos um pouco mais saudáveis…ter uma alimentação cuidada, fazer exercício físico moderado, beber água, evitar o stress…
Mas será que temos esse conhecimento quando pensamos nos edifícios onde vivemos e trabalhamos? Nos edifícios que usamos até para cuidar da nossa própria saúde?
Será que os edifícios estão a deixar-nos doentes?
Como podemos avaliar se um edifício é saudável e verificar se não tem patologias que podem criar nos seus utilizadores problemas de saúde?
Será que não devíamos fazer check-ups regulares aos nossos edifícios?
Pois bem, a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (Harvard T.H. Chan School of Public Health) criou um programa e reuniu um conjunto de especialistas que identificaram os 9 Fundamentos de um Edifício Saudável.
Segundo esta instituição os edifícios saudáveis devem respeitar algumas regras relacionadas com 9 fundamentos essenciais, são eles:
- Ventilação
- Qualidade do ar
- Conforto Térmico
- Qualidade da água
- Pó e pragas
- Iluminação e vistas
- Ruído
- Humidade
- Protecção e Segurança
Alguns destes tópicos são preocupações comuns à Passive House e todos eles deveriam ser considerados pelos técnicos, nomeadamente em fase de projeto.
A adequada ventilação é um tópico muito discutido no projeto das Passive House até porque influencia o desempenho energético do edifício bem como a qualidade do ar interior. Entre outras indicações o estudo recomenda que o ar exterior e de recirculação deve ser filtrado com um mínimo de eficiência de remoção de 75% para todos os tamanhos de partículas, incluindo nano partículas. Recomenda também que seja evitada a entrada de ar exterior ao nível do piso da rua ou perto de outras fontes de poluentes. Estas indicações aproximam-se das indicações Passive House onde a estanquidade ao ar é obrigatória e o sistema de ventilação permite uma filtragem muito considerável das partículas (dependendo do sistemas definidos em projeto o nível de filtragem varia).
A qualidade do ar interior depende de muito fatores, não só da filtragem do ar que entra no edifício vindo do exterior, mas também de todos os objetos, materiais de construção, equipamentos e pessoas que usam um determinado espaço. Por isso, segundo este estudo é importante escolher materiais com baixas emissões de COV (compostos orgânicos voláteis) e produzidos com o mínimo de poluentes, como o chumbo e o amianto. Também os níveis de humidade devem variar entre 30 e 60% por forma a minimizar a probabilidade de surgirem cheiros desagradáveis, e devem ser realizados testes anuais à qualidade do ar interior. As preocupações dos ocupantes do edifício devem ser consideradas, afinal são eles que usam o edifício.
Outro fundamento identificado é o conforto térmico ou, fazendo uma tradução mais real da expressão, “saúde térmica”. Apesar de ser uma designação um pouco forçada a verdade é que o conforto térmico previne algumas doenças como gripes e constipações, e portanto tem influência a nossa saúde. Este terceiro fundamento, apesar de não identificar numericamente o que é conforto térmico tem como objetivo dar diretivas para o garantir. Quanto ao conforto térmico as Passive House têm um requisito muito claro: garantir a temperatura interior entre 20 e 25ºC (e excesso de temperatura <10% do tempo).
O estudo identifica mais 6 fundamentos e deixa muitas indicações para um edifício saudável… Curiosos? Estejam atentos aos próximos artigos.