Apesar de estarmos na primeira fase de desconfinamento ainda há muitas pessoas em casa, ou porque estão em regime de teletrabalho, ou porque infelizmente perderam os seus empregos, ou até porque não têm os filhos na escola.
Mais do que nunca é muito importante os edifícios serem saudáveis, para também ajudar as pessoas a recuperar da doença ou das consequências psicológicas desta pandemia.
Há alguns meses publicámos três artigos sobre os “9 Fundamentos de um Edifício Saudável (segundo Harvard)” e entre estes fundamentos estão alguns com especial relevância na situação atual, por exemplo: a ventilação, a qualidade do ar interior, o conforto térmico, a humidade, pó e pragas…
Estes fundamentos têm uma relação óbvia com a nossa saúde, mas há outros como a iluminação natural e vistas, o ruído e proteção e segurança que também são essenciais para a saúde mental, nomeadamente agora que o tempo vivido dentro das casas é quase 24h/dia.
O ser humano é um animal social, estar privado dessa liberdade aumenta os níveis de stress e ansiedade… poder abrir uma janela e falar com um vizinho, ver árvores, montanhas ou o mar acalma a nossa necessidade de sair.
Estudos mostram que alunos em salas com vistas para zonas verdes recuperam mais rapidamente de fadiga mental e de stress, e têm melhores desempenhos em testes de atenção, comparativamente a alunos que têm apenas edifícios e fachadas como vistas. Estes estudos suportam a hipótese de alguns investigadores de que há uma ligação inata entre o ser humano e a natureza. E essa ligação pode ser reforçada nos edifícios através do seu design, trazendo para o seu interior elementos naturais.
Por outro lado, o ruído é algo que nos incomoda e pode ser uma forma de stress psicológico que leva a sentimentos de irritação, desconforto, angústia ou frustração. Ainda mais com os miúdos em casa…
Estando todos um pouco mais tensos e cansados, o silêncio (ou redução do ruído dentro das casas) é importante para conseguir melhorar a saúde mental. Aliás, “o silêncio faz parte do processo de cura e tem uma enorme importância na recuperação” de pessoas doentes.
Outro dos fundamentos que o estudo de Harvard indica é a proteção e segurança. Este fundamento é hoje sentido pelas pessoas de forma intensa, já que apenas em casa e devidamente desinfetados todos nos sentimos mais seguros.
“A maioria dos infetados contraiu o vírus em casa”. Esta notícia de final de Abril é aterradora e nessa altura estimava-se que cerca de 30% dos contágios tivesse acontecido em casa. O número tem vindo a ser atualizado, mas tal como tudo nesta pandemia as incertezas são muitas.
Os edifícios saudáveis são edifícios que nos protegem, quer física quer mentalmente. São edifícios muitos mais capazes de desempenhar as funções que hoje são fundamentais para ultrapassar esta pandemia com o mínimo de sofrimento possível. Por isto também é fundamental a Passive House.