As pontes térmicas são zonas críticas no dimensionamento de qualquer edifício, mas quando se trata de um edifício otimizado e de elevado desempenho, como as Passive House, estes elementos são ainda mais relevantes. Temos vindo a falar aqui no blog da importância das pontes térmicas, por que não é possível pensar no interior (conforto, saúde, eficiência) sem pensar no invólucro, ou seja na envolvente.
Imaginem um atleta de alta competição que está “projetado” para um nível de desempenho muitíssimo elevado… não será de pensar que quando um mínimo detalhe não está a favor o seu rendimento baixe? Por vezes até orientação do vento pode comprometer o tempo de um atleta numa corrida ou a direção da bola de ténis do Nadal.
Pois bem, passa-se o mesmo com as Passive House e as pontes térmicas… Felizmente, a minimização das pontes térmicas depende de nós, ao contrário da orientação do vento. Pode parecer um detalhe, mas é um detalhe que pode levar a perdas de eficiência grandes e várias consequências que temos que considerar.
Num artigo publicado anteriormente explicamos o que são pontes térmicas e como podem ser visíveis, quer a olho nu, devido às patologias que podem causar (como bolores), quer através de imagens termográficas. Mas…
Porque devemos evitar as pontes térmicas? Porque…
- Provocam perdas de calor adicionais (até 30%) aumentando as necessidades energéticas;
- Levam à degradação dos materiais devido ao aparecimento de condensações e humidades, com consequências eventualmente na segurança dos utilizadores do edifício;
- Aumentam significativamente o risco de desenvolvimento de humidades e bolores, com consequências estéticas;
- Pioram a qualidade do ar interior devido há presença de fungos e mofos, com consequências graves para a saúde;
E como as evitar? Aqui vão algumas dicas…
1. Fase de projeto – Regra do Lápis
Um projeto mal executado (e depois mal construído) pode pôr em causa o desempenho que um edifício para sempre.
Nas formações para especialistas Passive House é corrente identificar a Regra do Lápis. Esta regra diz que ao passarmos o lápis num desenho, em corte ou plana, de um edifício pelo lado exterior, temos que conseguir completar todo o edifício sem levantar o lápis, por forma a evitar as pontes térmicas.
É uma regra muito simples, mas que numa fase inicial de projeto identifica imediatamente eventuais erros.
2. Fase de projeto – Escolha de soluções construtivas adequadas
É necessário escolher soluções construtiva da envolvente opaca que evitem as pontes térmicas e pormenorizar todos os detalhes para que em obra seja fácil implementar as soluções.
Por exemplo: A solução de isolamento térmico da envolvente opaca pelo exterior (ETICS) é uma excelente solução pois minimiza pontes térmicas, contudo em situações de pormenor como o vão de uma janela ou porta é corrente verificar que as padieiras e ombreiras não são isoladas. Este facto vem comprometer toda a solução construtiva e irá aumentar o risco de desenvolvimento de patologias graves nestas zonas.
Não basta projetar bem é necessário que em obra isso se reflita. E tal como num atleta de alta competição todos os detalhes contam.
3. Fase de projeto – O desenho
Em fase de projeto o desenho de um edifício deve considerar não só a parte estética, mas também o desempenho energético, a funcionalidade, etc. Por isso, é necessário não seguir nem modas nem moods, nem maus exemplos.
Caso não existam estes cuidados na fase de projeto, será muito mais difícil fazer a correção das pontes térmicas em obra. Mas com alguma imaginação e engenho é possível, e isso é algo que não falta aos engenheiros e arquitetos.