Será a nova moda na arquitectura neste início de ano? Ou apenas o mood ou um estado de espírito de alguns que, simplesmente por lapso de criatividade, copiam (maus) exemplos?
Será preguiça em fazer diferente? Ou simplesmente desconhecimento? A bem da eficiência energética, do conforto e, principalmente da saúde, será pedir muito… copiarem bem?
Os exemplos apresentados foram fotografados em janeiro deste ano na Praia da Barra e apenas numa localidade, surpreendentemente (ou não), encontram-se cinco exemplos de como não projetar e não construir.
São visíveis as consolas contínuas em betão e os topos das lajes em betão na divisão entre pisos. Estes pontos são chamadas de pontes térmicas, pois são uma descontinuidade no elemento construtivo e que provocam uma variação no fluxo de calor. Podem não parecer importantes, mas são causadoras de graves patologias no edifício, desconforto para as pessoas e perdas de energia.
Conseguem detetar nas fotografias o que está errado?
Muitos encaram a arquitectura como a arte de bem desenhar um edifício, uma estrutura… Mas não será a arquitectura muito mais que isso? Não será a arte de desenhar as soluções construtivas de modo optimizado na sua funcionalidade e desempenho?
Edifícios como os acima, localizados na Praia da Barra (concelho de Ílhavo, distrito de Aveiro), em construção ou já construídos são exemplos de como a arquitectura e a construção podem comprometer o desempenho de um edifício para SEMPRE.
Já temos aqui falado no conceito de pontes térmicas e no que elas significam na construção nomeadamente de Passive House. Tal como o Lloyd Alter, que recentemente esteve em Portugal na 7ª Conferência Passivhaus Portugal, descreve “até 30% de perdas de energia podem dar-se pelas pontes térmicas e tudo por causa de um mau projeto”.
Evitar pontes térmicas é um dos princípios das Passive House, mas mesmo em edifícios que não são seguem este conceito, o bom projeto e construção devem prevalecer e estas devem evitar-se.
Os detalhes que vemos nas fotos levam a maiores consumos energéticos para garantir conforto das pessoas que o vão habitar, para já não falar em todas as patologias associadas às pontes térmicas.
Devido às diferenças de temperatura destes elementos podem desenvolver-se condensações, humidades e bolores que contaminam o ar interior respirável e são responsáveis por muitas doenças do foro respiratório.
Patologias como humidades e bolores têm consequências graves também na estética e funcionalidade dos edifícios, com o aparecimento de zonas escuras e manchadas em paredes, chãos ou tetos e até destacamento do revestimento.
Por isso… deixemo-nos de modas!