Todas as Passive House são diferentes! É impossível copiar uma Passive House construída na Alemanha para Portugal ou vice-versa, uma vez que para diferentes climas teremos diferentes exigências e teremos diferentes soluções. Mas a verdade é que todas as Passive House são semelhantes quando se analisa o desempenho.
Mas, para explicar melhor, é necessário perceber um pouco melhor alguns conceitos…
Recentemente falamos sobre a importância do isolamento térmico (também) nas Passive House, explicámos o que era o l (Condutibilidade Térmica de um material) e o que significava. Mas o l é uma característica do material e não define, por si só, o isolamento de um elemento construtivo completo e com vários materiais. O parâmetro de que precisamos para definir tal grandeza é o U (Coeficiente de Condutibilidade Térmica). Este coeficiente é o inverso da soma de todas as resistências térmicas e, num elemento construtivo, corresponde à quantidade de calor, por metro quadrado, que atravessa não um material, mas um conjunto de materiais com diferentes espessuras e l (condutibilidades). O valor de U é utilizado de forma global como limite (de referência ou de cálculo) no dimensionamento dos diversos elementos construtivos da envolvente opaca (como paredes, pavimentos ou coberturas) e da envolvente transparente (vidros).
Estes são os conceitos teóricos, mas apenas isso.
O importante não é saber em detalhe o que cada coisa significa, o importante é perceber que cada material tem desempenhos diferentes e que o conjunto de materiais pode e deve ser otimizado de modo a potenciar a eficiência energética, o conforto, a saúde e respeitar a física das construções.
Dito isto é muito relevante perceber que sendo U um valor de cálculo e dimensionamento ele terá que traduzir e respeitar as condições climáticas de cada zona (no jargão da engenharia designa-se por zona climática). Assim, como é de senso comum, não devemos usar as mesmas soluções construtivas em Portugal e na Alemanha, e mesmo dentro do nosso país, as escolhas de projeto em Bragança, nada têm que ver com as do Algarve. Temos que usar o casaco certo em cada local!
O problema é que num edifício, não podemos simplesmente vestir e despir um casaco, não se pode despir no verão e colocar no inverno, por isso à que encontrar o compromisso certo. Esse compromisso é a maior dificuldade dos projetistas. Estes não querem casacos muito pesados que no verão tornam a casa muito quente, nem casacos demasiado leves e frescos que não mantêm a casa quente no inverno. Este equilíbrio é ainda mais difícil de encontram em climas amenos, como o nosso. Por isso, os U de referência em Portugal são diferentes dos da Alemanha, ou da Finlândia ou do Canadá. E mesmo em Portugal há 6 zonas climáticas diferentes definidas para Inverno e Verão.
O U é a grandeza que ajuda o projetista encontrar o compromisso certo e com isso dimensionar a espessura mais eficiente. Não é preciso dominar a física das construções para compreender que a espessura isolamento térmico em Portugal é menor que a necessária na Alemanha (para que tenhamos o mesmo nível de conforto).
Estamos a falar apenas no U, mas a localização do edifício influência dezenas de outros parâmetros de dimensionamento e arquitectura. Por outro lado, o U de projeto é influenciado também pela orientação e forma do edifício, soluções de sombreamento, uso/função do edifício… enfim muito fatores.
Por isso nunca poderá haver duas Passive House iguais.