As Passive House são edifícios concebidos para serem confortáveis e eficientes TODO o ano. Deverão garantir um ambiente acolhedor no Inverno (com uns confortáveis 20° C) e uma temperatura agradável no Verão (temperatura interior de 25° C).
O conceito inicial das Passive House nasceu na Alemanha no final da década de 80 e, talvez por isso, desde logo se associou o conceito a climas frios. Contudo, os rigorosos requisitos de projeto e dimensionamento, bem como a utilização destes edifícios por milhares de pessoas em todo o mundo, nomeadamente em climas quentes, vêm demonstrar que estes edifícios são eficientes e confortáveis, também no Verão. Trata-se essencialmente de dimensionar bem e de acordo com algumas premissas do conceito Passive House.
Os projetistas apoiados pela ferramenta de projeto das Passive House (PHPP – Passive House Planning Package) dimensionam por forma a garantir a otimização do desempenho energético e conforto do edifício nas condições climáticas locais durante todo o ano.
Por forma a garantir um edifício confortável no verão, sem recorrer a sistemas de arrefecimento consumidores de energia, é necessário perceber os ganhos solares e definir uma correta estratégia de ventilação para que a temperatura interior de 25ºC não seja excedida em mais de 10% das horas (no ano).
Mas vejamos algumas medidas de como as Passive House garantem o conforto térmico no verão eliminando a necessidade de sistemas de arrefecimento:
- ORIENTAÇÃO DO EDIFÍCIO: A orientação é importante no dimensionamento das Passive House pois influencia os ganhos solares através das janelas, ou seja, o calor que entra pelas janelas. As janelas orientadas a nascente ou poente são vulneráveis no verão, pois a baixa altitude do sol de manhã e tarde dificulta a possibilidade de sombreamento. Já janelas orientadas a sul podem ser mais facilmente sombreadas no verão e durante o inverno aproveitam grande parte dos ganhos solares.
- JANELAS E SOMBREAMENTO: Não é só a orientação solar que é relevante, também a dimensão dos vãos e a qualidade e tipo de envidraçado e caixilharia influenciam o desempenho do edifício (também) no verão. Em qualquer edifício, seja uma Passive House ou não, o sombreamento tem um papel muito importante para manter os edifícios frescos. Aliás, o uso de persianas ou estores exteriores em Portugal é comum e tem longa tradição. No entanto, elementos de sombreamento fixos como palas também são muito eficazes. Sem um sombreamento adequado no verão, a luz do sol pode aumentar rapidamente a temperatura interior. Nas Passive House os sombreamentos são projetados para utilizar da melhor forma o ângulo do Sol, quer no Verão (reduzindo ganhos solares), quer no Inverno (maximizando-os).
- ISOLAMENTO TÉRMICO E ESTANQUIDADE AO AR: Independentemente do clima do local onde a Passive House é construída ela será sempre muito isolada e com elevada estanquidade ao ar. Estas são duas premissas do conceito em si. O isolamento térmico e a estanquidade ao ar irão reduzir a entrada do calor no edifício durante o verão, mantendo-o o mais fresco possível. O que acontece é que a transferência de calor entre dois espaços é menor (devido ao isolamento térmico) e como tal este protege a zona mais quente da zona mais fria, ora é possível que em períodos mais frescos, nomeadamente durante a noite seja necessário utilizar o sistema de ventilação para garantir uma renovação de ar que reduza a temperatura inferior.
- VENTILAÇÃO MECÂNICA: Os edifícios Passive House possuem um sistema de ventilação mecânica que durante os meses de inverno funciona com recuperação de calor. Ou seja o calor que é extraído “aquece“ o ar frio que que entra. Já nos meses de verão o sistema permite fazer um bypass ao permutador de calor, ou seja, quando é detetado que a temperatura exterior é inferior à temperatura interior o ar novo é admitido sem passar no permutador de calor. Assim, sempre que as condições o permitam, o sistema de ventilação retira o ar quente do interior e deixa entrar o ar mais frio do exterior (nomeadamente durante a noite). E ainda permite que o ar que passa pelo sistema seja filtrado. Desta forma permite-se um arrefecimento do ar interior durante a noite e garante-se a qualidade do ar com circulação de ar limpo pelo filtro.
- REDUÇÃO DOS GANHOS INTERNOS DE CALOR: A utilização do edifício é importante pois influencia significativamente a “produção” de calor interno, aquilo a que os técnicos chamam de “ganhos internos”. Estas fontes internas de calor advêm da utilização de equipamentos elétricos, da iluminação ou do simples ato de cozinhar. No dimensionamento de uma Passive House, nomeadamente para o verão, é fundamental minimizar os ganhos internos, bem como o consumo energético de todos os equipamentos. Também por isso é tão importante perceber a relação entre cargas internas e conforto de verão com o PHPP.
- ADAPTAÇÃO DO PROJETO AO CONFORTO DE VERÃO: Quando ocorre uma certificação Passive House o Certified Passive House Designer avalia a qualidade do projeto e estuda em detalhe o comportamento do edifício também no verão. Se os critérios para o conforto do verão não forem atingidos será necessário alterar o projeto e propor medidas a implementar para garantir esses critérios. Por exemplo, melhorar o sombreamento, otimizando palas ou melhorando a qualidade dos estores, isolar melhor a tubagem de água quente, de modo a que liberte menos calor, otimizar eficiência dos equipamentos, etc. E em casos de climas mais quentes pode ser necessário instalar um pequeno sistema de refrigeração com baixo consumo energético (preferencialmente suprimido com o uso de energia renovável produzida no próprio edifício).
A resposta à pergunta inicial é: sim. As Passive House são confortáveis também no Verão e uma excelente opção para alojamento nas férias de Verão.