Para podermos responder de forma séria a esta pergunta que tantas vezes nos colocam, temos que clarificar o que é caro e o que não é. Isto tem a ver com a perceção de valor, mas não só. Vejamos por exemplo… um relógio CASIO informa exatamente as mesmas horas que um relógio ROLEX, contudo o ROLEX pode ser 100 ou 1000 vezes mais caro. E não tem que ver com a fiabilidade ou durabilidade, tem a ver com o valor da marca. O mesmo se passa com outros objetos como uma caneta BIC e uma MontBlanc. A questão é que em ambos os casos estamos a falar de prestígio da marca, luxo vs “mainstream”, status e poder. Mas o que é relevante é que não existem custos significativos durante a utilização destes objetos.
Nos edifícios passa-se algo completamente diferente, não só porque o seu tempo de vida é (normalmente) muito superior a qualquer um destes objetos, mas também por que impacto na qualidade de vida, saúde e conforto dos que o utilizam não são de todo desprezáveis.
Um edifício ROLEX pode ser um CASIO no seu desempenho, e vice-versa… E na verdade isto acontece com regularidade em Portugal.
A análise que tem que ser feita, se de facto quisermos comparar os custos de uma Passive House com os de um edifício tradicional é a seguinte:
Determinar os custos de projeto e licenciamento, os custos de construção, os custos de utilização e manutenção e ainda avaliar os custos não quantificáveis (como custos com a saúde, prejuízo do conforto e da qualidade do ar, custo ambientais e socio económicos, etc.).
Essa análise tem sido realizada em alguns exemplos e estudos realizados em vários locais, nomeadamente na Alemanha, mostram que o investimento adicional numa Passive House pode ser muito baixo, inferior a 5%, contudo estes edifícios necessitam de cerca de 90% menos de energia de aquecimento/arrefecimento que os edifícios convencionais. Ora isto significa poupanças anuais em custos de operação muito mais relevantes que um investimento inicial ligeiramente maior.
Por outro lado, e como tantas vezes se diz, “A SAÚDE NÃO TEM PREÇO”, pois bem, os edifícios Passive House devido aos seus requisitos de qualidade minimizam ou anulam possíveis patologias propensas a criar humidades, mofos, bolores que prejudicam a qualidade do ar interior e que, por isso, podem levar a doenças do foro respiratório.
Outro aspeto relevante é o facto de que é possível ter uma Passive House com o custo de construção dum edifício convencional. Sim, podemos ter uma Passive House cujo custo por metro quadrado seja equivalente ao custo por metro quadrado de construções convencionais, sendo que para isso é crucial que o projeto esteja otimizado para o desempenho, sobretudo nas suas fases iniciais. É nas fases iniciais do projeto que as medidas de otimização, como a orientação, a forma, a complexidade, o desenho e dimensionamento das janelas, etc., não têm um custo acrescido e têm um elevado potencial de melhorar o desempenho do edifício.
Além do mais, por serem edifícios confortáveis do ponto de vista térmico e acústico, não induzem a problemas de constipações por correntes de ar e ainda protegem o utilizador de ruídos exteriores causadores de stress. É caso para dizer: há coisas que não têm preço.