As certificações ambientais para edifícios como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e o BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method) têm como objetivo promover a sustentabilidade e reduzir o impacte ambiental da construção e operação de edifícios. Embora ambos tenham objetivos semelhantes, há diferenças nos seus critérios, abordagens, estratégias e áreas de foco.
Já as Passive House baseiam-se mais num conceito construtivo do que numa certificação. Um edifício pode ser construído sob o conceito Passive House e não ser certificado, estima-se que os edifícios com certificação Passive House correspondam a cerca de 10% das Passive Houses construídas. Enquanto que nas certificações LEED e BREEAM o edifício ou é certificado ou então não existe nada que demonstre que ele atinge determinado desempenho.
O padrão Passive House está baseado na qualidade da construção e tem como objetivo projetar e construir edifícios saudáveis, que necessitam de pouca energia para serem confortáveis e com uma boa qualidade do ambiente interior. A sua abordagem centra-se essencialmente na eficiência energética, conforto térmico e acústico e qualidade do ar interior. Com mais de 30 anos de implementação e validação internacional o padrão Passive House é amplamente reconhecido como o mais exigente (por vezes até demasiado exigente) no que diz respeito ao desempenho na operação do edifício.
Já a abordagem das certificações LEED e BREEAM é mais ampla e inclui outros aspetos da sustentabilidade como a eficiência hídrica, a escolha dos materiais, a inovação, a utilização do solo, a gestão de resíduos, a poluição e até aspetos socioeconómicos, entre outros.
Mas mais importante que apresentar as diferenças será relevar a complementaridade entre a certificação Passive House e as certificações mais abrangentes. Há muitos exemplos de edifícios que alcançaram diferentes certificações e inclusivamente os resultados do desempenho Passive House podem ser integrados no processo de certificação LEED. Esta é uma situação semelhante ao que ocorre no sistema de certificação português LiderA.
Apesar do Passive House estar a evoluir na tentativa de desenvolver uma abordagem mais holística, nomeadamente no que diz respeito à avaliação do ciclo de vida e do carbono incorporado nos materiais, esta ainda não está oficialmente implantada. Já nas certificações LEED e BREEAM existe uma avaliação do ciclo de vida dos materiais levando em consideração a origem, produção, transporte e disposição dos materiais utilizados na construção e incentivando a escolha de materiais sustentáveis e de baixo impacto.
As três certificações podem ser aplicadas a qualquer tipo de edifício e, portanto, demonstram grande flexibilidade e aplicabilidade, contudo a certificação Passive House é um pouco mais rígida nos requisitos relativos à eficiência energética e qualidade do ar interior, enquanto o BREEAM E LEED, devido à forma com os parâmetros são avaliados, são um pouco mais flexíveis.
Por exemplo, enquanto que a Passive House não considera a origem dos materiais na sua avaliação a certificação LEED não modela, verifica ou monitoriza o desempenho do edifício após a construção.
Estas certificações são realizadas com base em diversas categorias e depois de avaliados e ponderados os diversos parâmetros até se determinar um valor final que ditará o nível de certificação ambiental. Este processo de ponderação das diversas categorias é semelhante nas duas certificações, mas não acontece com as Passive House. Não existem edifícios “quase Passive House” ou “Passive House a 75%”. Ou cumpre todos os requisitos e é uma Passive House ou, se falhar algum deles… não pode ser considerada uma Passive House.
Em resumo, a certificação Passive House é fortemente orientada para eficiência energética e para o desempenho na operação do edifício, o LEED abrange uma ampla gama de aspetos da sustentabilidade e o BREEAM também aborda múltiplas áreas, incluindo questões sociais e económicas. A escolha entre estas certificações dependerá dos objetivos específicos do projeto e dono de obra, e das prioridades em termos de sustentabilidade e eficiência sendo de destacar a complementaridade entre a Passive House e as certificações mais abrangentes. Convém, contudo, realçar que todas elas, a certificação Passive House, LEED e BREEAM, estão relacionadas com uma construção sustentável e um projeto que garante o menor impacte ambiental possível.
Nota: a referência apenas às certificações LEED e BREAM deve-se ao facto de serem as mais representativas a nível internacional.