Desempenho, suficiência e formação: as palavras mais escutadas na 12ª Conferência Passivhaus Portugal 2024, que este ano recebeu mais de cinquenta marcas e várias centenas de participantes em Aveiro. A edição do próximo ano já tem data: 21 e 22 de Outubro de 2025.
“Optámos por diminuir a área de construção para conseguir construir bem e dentro do nosso orçamento. Para nós o mais importante era ter conforto e saúde dentro de casa. E claro, poupar no longo termo, porque quando formos velhinhos não queremos ter de escolher entre pagar a conta da eletricidade ou ir ao médico. E hoje vemos que a área da nossa casa é mais do que suficiente para nós!”, esta frase de Cibele Santos, dona de obra, foi uma das mais marcantes das sessões que ocuparam o Grande Auditório.
Tal como ela, também Ana Varela, já com a sua casa construída segundo os princípios Passive House e a habitá-la há 10 meses, optou por não ter roupeiros embutidos, por exemplo, para poder investir numa construção que lhe trouxesse o que pretendia: “Foi a eficiência energética que me levou a querer construir uma casa com os princípios Passive House, mas hoje é o conforto e a qualidade do ar interior ao habitar esta casa que eu mais destaco. É o não ter humidade nas janelas, estar sempre com uma temperatura agradável dentro de casa e ter um ar saudável no interior que impacta na nossa saúde. E tudo isto, com eficiência e poupança também”.
E se os resultados alcançados numa Passive House são o ponto onde todos chegam, o caminho tem ainda muitos desafios, como destacou Pedro Ribeiro, Country Manager da Danosa: “os desafios foram muitos e realmente fazer uma Passive House, no nosso caso com um projeto que é o primeiro não residencial a atingir a certificação, envolve um trabalho de muita proximidade e entreajuda entre todas as equipas. Agora que está feito, valeu muito a pena!”
Comum em todos os discursos a necessidade de formação, que este ano deu um grande passo com a abertura do Passive House Center, o centro de formação prática para Passive Houses, em Pombal. Formação essa que anda a par com a comunicação que, para além dos profissionais do setor, está cada vez mais voltada também para o cliente final: “a estratégia deve passar por avivar a consciência do consumidor final, monitorizar o desempenho dos edifícios Passive House para evidenciar a sua qualidade e transmitir confiança”, reforçou João Marcelino, Presidente da Passivhaus Portugal.
O hidrogénio foi um tema também muito falado, ao posicionar-se como uma opção viável para bombas de calor, permitir o armazenamento de energia no longo prazo e assim colmatar as necessidades de aquecimento e arrefecimento dos edifícios. A 12ª Conferência Passivhaus Portugal encerrou com uma das apresentações mais esperadas do evento. Lloyd Alter ligou os pontos ao falar do caminho da suficiência, ou seja, prescindir do que não é assim tão essencial numa casa para privilegiarmos o conforto e a saúde, e deixou uma mensagem final: “Há uma coisa que é abundantemente clara: estão disponíveis as tecnologias e normas necessárias para realmente levar a uma mudança nas questões climáticas, e o único real obstáculo são as políticas e os interesses associados aos combustíveis fósseis”.
Para além das mensagens no Grande Auditório, o evento contou com 65 workshops, entre apresentações de projetos por Passive House Designers e sessões das marcas, uma exposição de projetos Passive House e, claro, a área de exposição que percorria todas os campos de uma Passive House: envolvente opaca, envolvente transparente, estanquidade ao ar, sistemas e equipamentos, e ainda construtores.
A 12ª Conferência Passivhaus Portugal 2024 recebeu a visita de 438 pessoas.
A próxima edição acontece nos dias 21 e 22 de Outubro de 2025, em Aveiro.
A reportagem fotográfica completa pode ser acedida aqui.