Nesta entrevista ouvimos o testemunho do Tiago Gomes, morador numa Passive House reabilitada desde janeiro de 2021. Ao longo da entrevista, o Tiago partilha a sua experiência: como foi encontrar esta casa sem procurar, o conforto diário que encontrou, a surpreendente eficiência energética e a forma como a qualidade do ar e o silêncio influenciam o bem-estar no dia a dia. Uma partilha real de quem já vive há mais de quatro anos numa Passive House.
Margarida Gamboa (MG) – Olá, Tiago! Vives numa Passive House reabilitada desde 2021. Começo por te perguntar: o que te levou a escolher arrendar uma Passive House? Tinhas expectativas? Já conhecias o conceito?
Tiago Gomes (TG) – Para ser franco, eu não estava à procura de uma Passive House em concreto. Acontece que a casa fica relativamente perto da casa dos meus pais, conheço o proprietário e fui acompanhando a evolução da obra. Por curiosidade, fui vendo a reabilitação e achei interessante. Foi uma win-win situation. Nem sabia que isto existia, mas acabei por vir parar aqui e estou bastante satisfeito.
MG – E depois, quando percebeste que ias viver numa Passive House, deu tempo de criar expectativas?
TG – Sim, deu. Fui falando com o senhorio durante a obra, fui perguntando algumas coisas e comecei a perceber melhor o que era uma Passive House. Criei expectativa principalmente na parte da eficiência energética, térmica, nos baixos consumos, e em todos os “gadgets” associados.
MG – Já viveste aqui vários invernos e verões. O que é, na prática, viver numa Passive House?
TG – Acima de tudo, é conforto térmico. A casa mantém uma temperatura constante durante todo o ano, sempre à volta dos 20 graus. No verão pode subir um pouco, mas com o ar condicionado que já está instalado de origem em 10 ou 15 minutos volta a estabilizar. É uma temperatura muito confortável, independentemente da estação do ano.
MG – E quanto à qualidade do ar e saúde? Notaste alguma diferença?
TG – Nota-se bastante. Uma das coisas em que mais se nota é na acumulação de pó. Numa casa normal, tens de limpar o pó todas as semanas. Aqui, como há um sistema de filtragem, a acumulação é mínima. O ar é muito mais limpo. Para quem tem problemas respiratórios, como asma ou alergias, é uma grande vantagem. Não se sente absolutamente nada.
MG – E problemas com humidade ou calor?
TG – Nunca tivemos qualquer tipo de humidade ou ressoamento. A casa está bem isolada e vedada. Não há condensações, nem no inverno, mesmo com o aquecimento ligado. E isso faz toda a diferença no conforto.
MG – E quando recebes visitas, as pessoas notam essa diferença?
TG – Sim, notam. E ficam muito curiosas. Quando vêm cá pela primeira vez e vêm os “buracos” na parede, perguntam logo o que é aquilo. Explico que é o sistema de ventilação com filtragem e climatização. Ficam intrigadas. Eu não sou especialista, mas explico o básico do conceito. O mais importante é o que se sente e nota-se logo.
Se estiverem mais pessoas em casa, ajustamos a ventilação para manter o ar sempre renovado e a temperatura estável.
MG – No início mencionaste que a eficiência energética foi uma das coisas que mais te despertou interesse. Como é que se comporta a casa em termos de consumos?
TG – A casa é totalmente elétrica, não temos gás. A fatura média mensal ronda os 65 euros. Temos uma bomba de calor para as águas quentes sanitárias, muito eficiente, que representa cerca de 10 euros mais IVA por mês. E lembro-me de um estudo que foi feito com esta casa, onde se concluiu que os custos de climatização anual para manter os 20 graus andavam entre os 45 e os 47 euros por ano.
MG – Qual consideras ser a grande vantagem de viver numa Passive House?
TG – O conforto e a eficiência. Chegas a casa num dia frio de inverno, fechas a porta e estás de t-shirt e calções. É mesmo isso. É ter conforto o ano inteiro, sem esforço e sem custos exagerados.
MG – E em termos de manutenção? Há alguma complicação?
TG – Não. A única manutenção é mudar os filtros da máquina de ventilação e os outros filtros da casa que tratam os vapores da cozinha e casas de banho. No total, talvez 100 euros por ano. É simples de fazer qualquer pessoa com um pouco de jeito trata disso. É só tirar, colocar o novo e está feito.
MG – E esses filtros, quando os trocas, vê-se que estão sujos?
TG – Sim, nota-se muito. Quando entram são quase brancos, com carvão ativado. Quando os tiras estão bem escuros. Percebes que estão a fazer o trabalho deles a filtrar o ar que entra e circula dentro da casa.
MG – Para terminar, se tivesses de descrever o que é, para ti, uma Passive House numa palavra ou expressão, qual seria?
TG – Qualidade e conforto. Não consigo escolher só uma!
Veja a entrevista aqui.