Quem procura uma casa que traga conforto, garanta saúde e ainda possibilite eficiência energética, sabe que a resposta será Passive House. Foi o que aconteceu com a Joana Teixeira e o Valter Vale, um casal que está a reabilitar uma moradia para a sua família na Aguda (Vila Nova de Gaia). Conversámos com eles para perceber como tem decorrido todo o processo, os pontos que destacam e o que esperam encontrar daqui a poucos meses, quando forem habitar a sua nova casa passiva.
Qual o fator determinante para terem escolhido construir uma Passive House?
Joana Teixeira (J.T.) – Quando pensámos em reconstruir esta moradia começámos a pesquisar arquitetos e formas de ter uma casa mais sustentável e confortável do que o que acontece nas construções ditas tradicionais. Quando nos deparámos com o conceito e começámos a pesquisar mais, percebemos que se enquadrava na nossa expectativa e no que procurávamos.
Vivemos em várias casas e apartamentos, onde sempre existiram problemas, principalmente no inverno e sobretudo com o nosso conforto térmico. Ou gastávamos muito dinheiro em aquecimento ou não era adequado ao que pretendíamos. E foi nesse sentido que procurámos e considerámos que a Passive House se enquadrava bem nos nossos objetivos.
Neste momento a casa está em construção e têm noções concretas de todo o processo. Quais as diferenças mais significativas entre construir uma Passive House e uma construção dita tradicional?
Valter Vale (V.V.) – Desde o 1º momento em que tivemos contacto com a abordagem da Passive House à reabilitação percebemos logo os cuidados que tem de haver, por exemplo, na caixilharia, nas pontes térmicas, etc. Ou seja, de alguma forma a nossa casa fica preparada para tudo o se passa no exterior mantendo o conforto dentro.
Esse tipo de construção vai ao detalhe, ao cuidado que se tem com a execução, e isso é uma das principais diferenças entre a construção dita normal e a Passive House. Observámos desde o início um grande cuidado com o planeamento e a execução, para que tudo corresse bem.
Como é que tem sido o acompanhamento, tanto em projeto como em obra?
V.V. – Achamos que tomámos a decisão certa de seguir esta abordagem. Temos um acompanhamento de perto na obra, um esclarecimento de todas as dúvidas na execução da obra, bem como com a realidade custos vs. princípios, de forma a poder adaptar de alguma forma o que é feito à nossa realidade. E tem sido um acompanhamento mesmo muito próximo, algo que na construção dita normal nem sempre acontece.
E em termos de custos, notam que existe uma diferença significativa entre uma Passive House e uma construção tradicional?
V.V. – Em termos de construção os materiais já existem no mercado. Da nossa parte, o custo é ligeiramente diferente, mas nós consideramos que isto é um investimento a longo prazo. Na construção dita normal, mesmo que na obra gastássemos um pouco menos e fosse mais rápido, iríamos ter a longo prazo sempre problemas a surgir, inclusive com a humidade, por exemplo, e com as consequências para a nossa saúde.
O nosso investimento numa boa caixilharia ou num bom telhado, por exemplo, já teríamos de ter na construção tradicional. Nós aqui temos uma sequência e vamos ter um cuidado mais acentuado nesses detalhes: a escolha certa dos materiais e a execução correta desses materiais em obra. E isso, se pensarmos no bolo todo, o investimento é ligeiramente superior, mas o ganho é muito grande no longo prazo.
Acredito que estejam ansiosos para habitarem a vossa Passive House. Quais são as vossas expectativas?
J.T. – As nossas expectativas são as melhores possíveis! A verdade é que nunca estivemos numa casa Passive House, portanto estamos a fazer tudo baseado nos estudos efetuados e estamos mesmo muito ansiosos para experienciar e vivenciar uma casa com conforto, que era aquilo que desejávamos. Nesta fase da construção nós vemos o cuidado com que tudo está a ser feito e por isso as nossas expectativas são as melhores. Acho mesmo que vai vale a pena.
V. V. – E na obra já conseguimos percecionar algumas coisas. Por exemplo, temos a caixilharia toda colocada, o que faz com que neste momento nós já sintamos que lá fora está frio e cá dentro não. Em termos de som também. Já se notam sinais que correspondem às expetativas.
E é com esperança e expectativa elevada que esperamos que no final esteja tudo de acordo com o expectável.
Notas finais:
Projeto de Arquitetura e Passivhaus Design do Arq.º Gil Ferreira da Silva do gabinete basestudio
Consulte a apresentação do projeto da Casa da Aguda aqui
Assista à entrevista em formato vídeo