Numa era cada vez mais digital, a integração de várias ferramentas de projeto, dimensionamento e desenho é obrigatória. As velhas mesas altas de arquitetos ainda existem (por saudosismo), mas na prática são mais decorativas do que mesas de trabalho. Hoje, usam-se softwares poderosos, com visualização tridimensional e com plug-ins para tudo e mais alguma coisa.
O projeto de um edifício é complexo pois integra diferentes especialidades e tem em conta centenas, se não milhares, de parâmetros diferentes. Por exemplo, é totalmente impossível dimensionar e construir duas Passive House iguais. Isto porque cada projeto é um projeto, cada arquitectura é diferente, cada local é diferente, tem características diferentes e dados climáticos diferentes. Por isso, não há “soluções tabeladas” num projeto de uma Passive House, não há soluções predefinidas… fazê-lo seria como jogar na raspadinha. E perder este jogo teria um custo muito maior que 2 ou 3 €.
Assim, (também) no dimensionamento de uma Passive House há uma ferramenta que permite projetar, dimensionar e determinar o balanço energético, chama-se Passive House Planning Package (PHPP).
O PHPP é essencial para haver uma Passive House, isto porque sem este corretamente preenchido não há a validação que um edifício seja Passive House. Para além de ser imprescindível no projeto é-o também na certificação, pois sem ele não é possível certificar uma Passive House. É possível haver Passive House não certificadas, mas não é possível existirem Passive Houses sem o balanço energético determinado pelo PHPP.
O PHPP surgiu pela primeira vez em 1998 baseado num ficheiro de Excel e sua principal função é a determinação do balanço energético, mas os seus módulos têm vindo sucessivamente a ser desenvolvidos e aperfeiçoados com o uso prático em projetos de eficiência energética por todo o mundo. Módulos que incluem o cálculo de valores característicos de janelas, sombreamento, cargas de aquecimento, necessidades de arrefecimento, ventilação para grandes edifícios (muitos não residenciais), determinação da influência das fontes de energia renovável e até módulos que incluem a certificação EnerPHit (para reabilitação de edifícios existentes).
O PHPP é continuamente validado e ampliado com base em valores medidos e em novos desenvolvimentos científicos. Num contexto de Investigação & Desenvolvimento o acompanhamento e monitorização de Passive Houses demonstrou que existe uma alta correlação entre as necessidades calculadas pelo PHPP e o consumo real apurado.
Com um planeamento cuidado da eficiência do edifício, não haverá lacunas de desempenho.
Este software não é apenas uma ferramenta, ele fornece também informações e documentos (balanço energético) necessários ao processo de certificação de uma Passive House. Alguns dos resultados mais relevantes que fornece incluem:
- As necessidades anuais de aquecimento e arrefecimento [kWh/(m²a)];
- Necessidade de energia primária anual do edifício [kWh/(m²a)];
- O balanço energético das janelas;
- O contributo dos sistemas de sombreamento;
A ferramenta é hoje tão poderosa e validada (já vai na 9ª versão) em todo o mundo que em janeiro de 2019 a versão PHPP v9.6 foi validado pela ASHRAE (ANSI/ASHRAE Standard 140-2017).
E neste momento já há possibilidade de a integrar com a metodologia BIM (Building Information Modeling). Curiosos? Leiam os próximos artigos.