Entre os dias 10 e 12 de março realizou-se a 26ª Conferência Internacional Passive House, organizada pelo Passive House Institute e parceiros, este ano na cidade de Wiesbaden na Alemanha.
Num formato misto, presencial e online, foram 3 dias de apresentações, diálogo, exposição e visitas. Naturalmente parte do extenso programa só estava acessível no formato presencial. Ainda assim é de destacar a qualidade da emissão online, com tradução permanente na língua inglesa, e ferramentas práticas e funcionais para assegurar o diálogo entre participantes e oradores.
Foi por isso um momento de partilha e diálogo onde, numa escala verdadeiramente global, a Passive House esteve acessível a todos os interessados. Pelo conhecimento, experiência e análise foi possível aprender com tudo o que tem sido realizado por todo o mundo – o que funcionou melhor ou pior, as novidades, as dificuldades – sempre com o intuito de evoluir e melhorar a prática profissional de cada um.
Relativamente ao programa da conferência, que podem consultar em detalhe aqui, as sessões de apresentação tiveram um foco principal na reabilitação Passive House. Sem dúvida que a requalificação do parque edificado existente é uma preocupação global, bem como uma necessidade premente para enfrentarmos as alterações climáticas e os desafios energéticos.
“Eficiência AGORA!” espelha esse entendimento que a Passive House já deu provas, nas mais variadas escalas de edifícios e programas funcionais, que as suas ferramentas e estratégias permitem uma grande melhoria na qualidade de vida das pessoas enquanto reduzem significativamente os consumos energéticos e os custos associados. Fazer bem à primeira, seja em construção nova ou na reabilitação, é fundamental para reduzirmos agora as necessidades energéticas a nível mundial mas também para assegurarmos que essas medidas tem a durabilidade necessária para que essa redução continue a médio e longo prazo.
Ao longo destes dias de conferência esta preocupação e estes objetivos foram sendo exemplificados através de projetos e discursos diversos, desde habitação social a residências de estudantes, habitação unifamiliar nos padrões Plus e Premium, hospitais e lares de terceira idade, piscinas e centros sociais, bibliotecas, entre outros.
Alguns destes projetos são da responsabilidade de particulares – famílias, cooperativas de habitação ou investidores privados – enquanto outros são da responsabilidade de organismos públicos. Se os projetos privados têm um claro intuito de possibilitar uma vida melhor ou de garantir o melhor investimento possível, os projetos públicos procuram na sua maioria ser exemplo e motor de consciencialização a nível local ou nacional. Foram vários os exemplos de projetos públicos que, após um longo caminho de conceção e construção, finalmente chegaram ao fim e estão em utilização, e com isso estão já a despoletar novos projetos públicos e privados. Através da utilização das pessoas e dos registos claros e objetivos alcançados pela monitorização destes edifícios, é inegável a conclusão que a realidade da Passive House espelha de facto os princípios e as simulações da conceção destes edifícios. Esta é a maior-valia e legitima a Passive House como exemplo a seguir.
Uma curiosidade a salientar é que, contrariamente ao que se possa pensar, as dificuldades – técnicas, pessoais, políticas, económicas – não são muito diferentes entre os diversos projetos e realidades de cada país, e certamente não são muito diferentes da experiência de fazer Passive House em Portugal. Onde quer que seja, e seja qual for o tipo de edifício, a mensagem foi sempre que o foco tem sempre de ser fazer bem à primeira e, acima de tudo, não desistir perante as dificuldades. Exemplo disto é a afirmação de um dos oradores do plenário de encerramento quando disse “desistir não é uma opção porque nós sabemos que estamos a fazer o que está correto”.
Para concluir, pegando em algumas afirmações das principais vozes mundiais da Passive House nos plenários, “eletrificar tudo é a solução mas implica a melhoria da eficiência nos edifícios”, por isso “a eficiência energética é a solução” para a crise ambiental, energética e social que afeta atualmente o nosso planeta. Deste modo “medidas pontuais não são suficientes”, pelo que, à imagem da própria Passive House, a solução está no conjunto, na soma de todas as partes. Assim, seja uma habitação unifamiliar ou um hospital, “todos os projetos fazem a diferença”, por isso é fundamental fazer bem, e fazê-lo à primeira.
Se este ano não tiveram a oportunidade de estar presentes, no próximo ano não deixem de participar neste que é o maior evento mundial da Passive House.
Entretanto, caso tenham curiosidade em saber mais sobre “Eficiência AGORA!” e sobre esta conferência, não deixem de consultar a Passipedia ou o comunicado de imprensa.