Um dos nossos últimos artigos referiu a importância do isolamento térmico dos edifícios no conforto térmico das pessoas, mas nem só de paredes se constroem os edifícios. As janelas (conhecidas no jargão técnico como envolvente transparente) têm uma importância arquitetónica grande e também um peso muito significativo nesse conforto.
É também devido às janelas que fomos brindados com uma das obras primas do cinema mundial, a “Janela Indiscreta” de Alfred Hitchcock.

Poster do filme “Janela Indiscreta” (“Rear Window”)
As janelas assumem cada vez maior importância, quer pelo facto de promoverem a entrada de luz natural (muito valorizada, nomeadamente, nas grandes cidades e fundamental ao ser humano), quer porque há uma tendência clara a nível arquitetónico de aumentar a área de vidro das janelas. Falaremos mais tarde dos problemas do “excesso de vidro” nos edifícios.

© Lloyd Alter (Torre em vidro Passive House em Viena)
Também é de salientar que essa importância saiu reforçada nestes últimos meses de confinamento em que estes elementos se impuseram como ligação entre o isolamento e o exterior. Fazendo assim parecer a vida (desse tempo) um pouco mais normal.

© Reuters
Quando usamos o termo janela não podemos pensar apenas no vidro. As janelas são elementos complexos e quando projetamos uma Passive House são ainda mais importantes, pois no rigor do projecto de uma Passive House todos os detalhes contam. As janelas são constituídas pelo vidro e pelo caixilho, e há muitos parâmetros que contribuem para a eficiência destes elementos. Por exemplo o tipo de vidro, se é vidro simples, duplo ou tripo, que tipo de gás existe na caixa-de-ar existente entre estes vidros, que tipo de película ou filme está incorporado no vidro, que tipo de perfil espaçador, qual o material da caixilharia (PVC, madeira, alumínio, outro?), qual a relação entre área de vidro e a área de caixilharia, que tipo de abertura (de correr, oscilo-batente, etc)…. Enfim poderíamos continuar.
Todas estas características contribuem para o desempenho de uma janela e obviamente têm impacto no seu custo. Num próximo artigo falaremos em quais os parâmetros a avaliar para otimizar a relação desempenho vs custo e quanto também nas janelas o mais simples é muitas vezes a melhor solução.
Contudo há um parâmetro (dado pelo fabricante) que é um dos mais importantes a considerar.
O coeficiente de transmissão térmica superficial da janela, Uw
De acordo com a legislação nacional atual, o Uw de uma janela (vidro e caixilharia) não pode ultrapassar 2,8 W/(m2ºC) (em janelas em edifícios localizados na zona climática I1, a menos exigente), no entanto o mesmo coeficiente para uma parede é de 0.4 W/(m2ºC) (parede adjacente na mesma zona climática) ou seja cerca de 6 vezes menor.
Isto significa algo muito importante. Significa que, para a mesma área, a transmissão de calor de uma janela pode ser 6 vezes superior à de uma parede.
... sabia que a janela tem um impacto na transmissão de calor (até) 6 vezes maior que a mesma área de parede.
Além deste facto as janelas são elementos, normalmente, muito mais caros que os elementos de parede e também por isso deve ser dimensionadas com muito rigor.

© Reuters
Além dos parâmetros referidos há algo que não tem que ver com a janela em si, mas sim com a arquitetura do vão, ou seja com a dimensão da abertura, com a sua orientação solar e possível sombreamento. O local para onde a janela está orientada é fundamental porque é através dela que se dão os ganhos solares (muito úteis no inverno e muito prejudiciais no verão).
As janelas são de facto muito importantes não só pelo seu impacto nos desempenho energético do edifício, como também no conforto visual das pessoas para já não referir o seu custo, que é dos mais elevados da envolvente.
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